Jesus não fundou nenhuma religião
nem instituiu nenhuma igreja, segundo sustentam os próprios evangelhos, e também, os
grandes pesquisadores da História Cristã, desde Renan até Guignebert. Não
instituiu nenhum sacramento nem procedeu a nenhuma espécie de ordenação sacerdotal.
Afastado de todas as instituições religiosas dos judeus, não se subordinou a
nenhuma delas e criou apenas um movimento livre e aberto de preparação do homem
para um mundo de paz e concórdia, justiça e amor.
Nesse movimento
eram admitidos publicanos e samaritanos, ladrões e cortesãs, os puros e os
impuros de Israel, o que escandalizava os judeus ortodoxos e os levou a
rejeitá-lo.
Este, sim, Paulo de Tarso,
aglutinando as chamadas Igrejas dos Gentíos e ligando-as à Casa do Caminho, de
Jerusalém, fundou a Igreja Cristã, desligando para isso a de Antióquia da
Sinagoga local e dando-lhe a independência necessária à sua completa
institucionalização. Mas Paulo não se colocou na posição de chefe da Igreja, nem procedeu a ordenações sacerdotais,
recusando-se mesmo a batizar, pois segundo afirmou, só batizara uma vez e não
mais voltara a .fazê-lo, porque a sua missão não era batizar, mas pregar o
Evangelho. Apesar de sua formação faraisaica, Paulo de Tarso compreendeu a
orientação de Jesus e não pretendeu criar uma Igreja Cristã nos moldes
judáicos. Cortou o processo das ordenações, depois de haver circuncidado Apolo,
o que passou a considerar como um dos seus erros..
O Cristianismo atual é muito
diferente do movimento dos seguidores de Jesus, se parece muito mais com o
sistema religioso sacerdotal eclesiástico judaico ortodoxo, o mesmo grupo que
assassinou Jesus, o cristianismo foi uma seqüência deste, aquele foi extinto nos
primeiros séculos.
Não há nenhuma possibilidade de se reajustar o Cristianismo oficializado pelo Império Romano, ao Cristianismo espiritual de Jesus. A gigantesca estrutura da Igreja é o último resíduo do Império dos Césares. Só nos resta devolver a César o que é de César e dar a Deus o que é de Deus. A pré-ciência de Jesus, confirma-se neste momento crítico da evolução terrena. O Cristianismo marginal, como viu Stanley Jones, é o único que se aproxima do Cristianismo do Cristo.
O desconhecimento dessas questões, pelo povo é perfeitamente justificável,
quando sabemos que o povo esteve sempre alheio aos estudos especiais e
secretos, reservados à formação do sacerdócio, intermediário exclusivo e divino
entre os pobres de espírito e os
magnatas da Sabedoria Absoluta. O povo foi sempre o rebanho, ameaçado em
seus farrapos de ignorância pelos cajados
de ouro dos pastores de Deus. Durante séculos, os homens do povo não
tiveram sequer acesso à leitura dos textos evangélicos. Para evitar as
interpretações perigosas, que geravam heresias capazes de levar multidões
ululantes ao fogo eterno do Inferno,
os homens do povo só deviam ouvir as interpretações dos pastores dotados de
sabedoria infusa e do terrível poder das
maldições e das excomunhões irrever-síveis. O cheiro de enxofre do Diabo,
provocava desmaios nos castelos e nas choupanas e as pegadas do Caprípede,
marcavam os jardins da castelã e os trilhos do mato, que levavam a serviçal
humilde e trêmula, que ia buscar a água pura da fonte. O terror do Maligno, se
emparelhava com o temor de Deus. As criaturas lançadas na Terra entre essas
duas ameaças, igualmente apavorantes, carregam os seus traumas através de toda
suas vidas.
As vésperas da Era Cósmica,
quando os homens já pisaram o chão da Lua, para espanto e pavor de tantas
criaturas ingênuas, não é possível que homens de cultura superior e de inegável
capacidade intelectual, insistam na
defesa de um acervo de erros e absurdos institucionalizados em nome de Deus.
As reformas iniciadas no
Cristianismo Oficial assustaram os fiéis, ao mesmo tempo provocaram reações
nos, clérigos leigos do meio universitário. Não se pode querer sanar essa
situação alarmante, através de medidas drásticas. Não se cura em alguns dias,
meses ou anos, um mal de milênios. Mas os homens carregados de
responsa-bilidade cultural, estão no dever inalienável de rever suas posições e
tratar de reparar os males cometidos. Justifica-se a ignorância do passado, mas
não se pode justificar de maneira alguma a insistência, no presente, na sustentação
desse clima de ignorância em torno de problemas fundamentais para toda a
Humanidade. A inteligência tem os seus deveres a cumprir, especialmente em
momentos como este que estamos vivendo. Cristãos de todas as denominações
religiosas, não encalhados no cais da traição à verdade, estão sendo chamados a
realizar, com urgência, a revisão
necessária do Cristianismo, em defesa do Cristo traído e das multidões enganadas. E, além disso, em defesa e
resguardo de suas próprias posições cristãs, porque as novas gerações que
povoarão a Nova Terra e invadirão o Novo Céu do Apocalipse, não lhes perdoarão
o erro fatal, cometido no passado e sustentado inexplicavelmente no presente.
Hoje, os princípios fundamentais do ensino de Jesus, se integram na realidade científica. Superada a barreira dos preconceitos, os dogmas da ignorância entraram em falência irreversível. Assistimos agora a um espetáculo grotesco. Os clérigos cristãos aderem a Simão, o mago; empenhando-se numa batalha lucrativa, através de cursos e exibições de magia teatral (pagos a tanto por cabeça), na tentativa inútil de desmoralizar os cientistas e os avanços atuais de suas pesquisas. Apresentam-se como cientistas improvisados, com títulos que não possuem e nem podem possuir, pois suas próprias exibições de pelotiqueiros, demonstram a sua incapacidade para compreender o assunto de que tratam, enquanto seu palavreado impróprio, suas explicações grosseiras e rebarbativas, sua absoluta falta de disciplina mental e de critério lógico, põem inevitavelmente a nú a sua insuficiência mental e cultural, o seu primarismo irredutível.
E enquanto isso as Igrejas se
esvaziam, o materialismo avança nas
sendas do desespero humano, a criminalidade individual e coletiva aumenta
assustadoramente, os freios da moral se arrebentam ao impacto do erotismo e da
alucinação dos tóxicos, a violência dos poderosos contra os inermes toma
proporções diluvianas, e o Cristianismo Oficial nada pode fazer de eficaz em
favor do mundo, porque se divorciou de suas origens e se enleou precisamente
nos interesses conflitivos do mundo.
Como poderiam as Igrejas Cristãs
enfrentar esta hora de transformação de um novo mundo, sob a carga mágica e
mitológica dos seus dogmas e sacramentos? A grandeza conceitual do Cristianismo
do Cristo, não cabe no diminuto espaço das mentes atulhadas de resíduos mágicos
e míticos. Temos de fazer com urgência,
a revisão de nossas posições cristãs. Os astronautas já avançam no espaço
cósmico, os cientistas mergulham sem escafandro nas profundezas do Poço da
Verdade, dispostos a trazê-la nua e pura à superfície do planeta, calcinado
pelo fogo da mentira, da ambição e da impiedade. Esta é uma hora de reflexão,
entre as imagens refletidas nos espelhos da História.
Textus: J. HERCULANO PIRES
É pena que o extraordinário filósofo José Herculano Pires ainda não tenha o reconhecimento que merece. Além do mais, ele é um escritor excelente, em termos literários. Conteúdo e forma casam na perfeição. Saudações de paz.
ResponderExcluirObrigado irmão Kardecista pelo comentário, temos um material muito extenso, sinta se a vontade para comentar.
ExcluirOnde estao as suas respostas para o desafio dos ateus?
Excluirhttp://verdadereoculta.blogspot.com.br/2013/01/resposta-ao-desafio-dos-ateus.html
ExcluirAndré,
ResponderExcluirTenho muito respeito aos Kardecistas, mas humildemente tenho uma pergunta a lhe fazer:
"Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema." Gálatas 1:9
"O Evangelho segundo o espiritismo" não seria anátema???